Reflexão de um in"feliz sábado" na igreja
Do sentimento hipócrita de convenção social à felicitação sincera entre religiosos.
A relação fraterna na igreja cristã - foto: Josiah Sarpong/Unsplash. |
Um exemplo clássico é o "feliz natal" comemorado com embriaguez, no qual supostamente relembra-se o nascimento de Jesus Cristo. Feliz Páscoa, feliz dia das mães, dos pais e das crianças, feliz aniversário, entre tantos outros dias festejados uma vez por ano, tornam-se banais quando julgados pelas circunstâncias.
'Feliz Sábado!' ou 'Bom Sábado!', em substituição ao rotineiro 'bom dia'.
Lembro-me do comentário positivo de um amigo, o Eduardo, sobre como os adventistas do sétimo dia saúdam-se às vésperas do sábado e especialmente nos cultos sabáticos. Logo à porta você receberá um forte aperto de mão como praxe de uma boa recepção pessoal, acompanhado de um sorriso amigável e o indispensável "Feliz Sábado!" ou "Bom Sábado!", em substituição ao rotineiro "bom dia".
Segundo a crença bíblica adventista, essa é uma saudação especial que distingue-se das demais por ser um cumprimento relacionado ao repouso sabático, uma comemoração semanal legítima e de instituição divina. "Não anualmente, mas semanalmente o ser humano é convidado a relembrar sua origem e transportar-se a um oásis edênico, capaz de renovar suas forças vitais ao descansar no dia de sábado", pondera Eduardo.
Dia de reconciliação
Considerando as implicações desta saudação peculiar, o amigo Eduardo confessou tê-la banalizado em algumas situações, o que levou-o à reflexão: "a hipocrisia estava camuflada nas minhas palavras quando, na verdade, meu coração guardava um desafeto. Sendo que 'a boca fala do que o coração está cheio', contive-a e fiz uso do cumprimento apenas como um bordão".
A reconciliação foi essencial para eu sentir a sincronia perfeita das palavras com os sentimentos.
"No entanto, soou como 'infeliz sábado', pelo menos para mim que, na Casa do Onisciente, senti-me sondado e desmascarado. Uma reconciliação, que parecia desnecessária, foi essencial para eu sentir a sincronia perfeita das palavras com os sentimentos e constatar a veracidade da afirmação: 'Como é bom e agradável que o povo de Deus viva unido como se todos fossem irmãos!' [Salmo 133.1]."
A reflexão do Eduardo, meu amigo adventista, fez-me entender que não é correto ignorar os cumprimentos de forma generalizada, por causa da banalização, uma vez que uma felicitação sincera seria comprometida dessa maneira. Ele acrescentou: "uma orientação sempre citada por ocasião da cerimônia de santa ceia, registrada na bíblia [1ª Coríntios 11.28], deve estar sempre em nossa mente, mesmo quando parece-nos de pouca importância: 'que cada um examine a sua consciência' quando proferir estas tão belas palavras: Feliz Sábado!".
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